Seção Mentalidade Sustentável (Dentro do capítulo 11 - Capacidade e Sustentabilidade Institucional)

Responsável: Desenvolvimento Institucional
Status: Concluída
Abertura: 20/03/2023
Encerramento: 05/04/2023
Participantes: , Técnicos Administrativos, Docentes Ver detalhes dos participantes

Resumo

Nessa seção serão tratadas questões associadas ao conceito do Triple Bottom Line, como: aspectos sociais, econômicos e ambientais. Contendo informações relacionadas às boas práticas do IFFluminense sobre esse tema, além do relacionamento com a Agenda 2030 da ONU e com a Educação para o Desenvolvimento Sustentável, ou seja, nossas ações com o foco em minimizar os impactos ao meio ambiente, na construção de uma sociedade mais justa e na melhoria de nossos processos administrativos.

 

Período de participação:

Contribuições: 20/03 a 26/03

Expressão de opinião quanto a redação final: 03/04 a 05/04

As tabelas, gráficos e figuras citadas no texto estão disponíveis em https://drive.iff.edu.br/index.php/s/nxTC1oquauzynnW

Conteúdo

1

Mentalidade Sustentável

2

Tão ou mais desafiador que o contexto pandêmico, que mobilizou a inteligência humana com seu engajamento na busca de uma ou mais vacinas e tratamentos para o novo coronavírus, é o aquecimento global e as mudanças climáticas, que podem inviabilizar a vida humana na face da terra nos próximos decênios. Aliados à intensificação da concentração de renda e o aumento do empobrecimento dos países e de suas populações, criam condições de vidas cada vez mais díspares e contrastantes, fragilizando ainda mais a sobrevivência de muitas populações ao redor do mundo. Nesse sentido, a Agenda 2030 da ONU e os seus dezessete Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) tornam-se uma referência necessária para a ação articulada global dos países, buscando fortalecer um mundo cada vez mais multipolar, colaborativo, justo e generoso. Além disso, o Objetivo 4, “uma educação equitativa e de qualidade ao longo de toda a vida para todos”, passa a ser elemento basilar para construirmos uma convivência global mais harmoniosa e com menores distâncias, sendo que, em especial, a constituição de uma Educação Profissional e Tecnológica transformadora, deliberadamente expressas nas Metas 4.3, 4.4 e 4.5, tem, de acordo com a UNESCO/UNEVOC, o "potencial de aumentar a equidade, reduzir a pobreza e diminuir as desigualdades".

3

A Transição Ecológica exige a formação de uma nova geração, com mentalidade, comportamento e atitudes mais sustentáveis, e determinação para consolidar uma economia e um modo de vida cada vez mais descarbonizado. A sustentabilidade deve permear todos os aspectos e atividades da vida das pessoas e das organizações sociais, a fim de criar uma cultura sustentável. Por isso, o Instituto Federal Fluminense faz constar a sustentabilidade em seu plano de desenvolvimento estratégico com vistas a orientar as ações de sua comunidade institucional, estudantes, educadores e parceiros. Nesse sentido, foi constituído o Núcleo de Sustentabilidade (NUSIFF), cuja meta principal é a de institucionalizar a sustentabilidade e irradiar todos seus princípios nas diversas atividades e ações administrativas e educacionais do Instituto. Além disso, podemos destacar a verticalização da oferta de cursos na área ambiental em todos os níveis no Instituto Federal Fluminense, desde a formação inicial até o doutorado profissional. Agregam-se as pesquisas e desenvolvimento de tecnologias sustentáveis e de energia limpa no Polo de Inovação Campos dos Goytacazes, assim como a inauguração do Campus Itaboraí, que tem a sustentabilidade e a energia como constituidores do eixo basilar de seu projeto político pedagógico.

4

EM ANEXO Figura 1 - Identidade visual do Núcleo de Sustentabilidade do IFFluminense

5

Como uma instituição de educação, ciência e tecnologia voltada para a formação e qualificação de cidadãos com vistas à atuação profissional nos diversos setores da economia, no desenvolvimento socioeconômico local, regional e nacional, podemos causar um grande impacto servindo não só como canal de multiplicação e sensibilização sobre a sustentabilidade, mas também formulando soluções para atender aos tantos problemas associados a essa temática. Tendo a educação como uma esteira facilitadora de aprendizagem, que proporciona novas habilidades e conhecimentos, para que sejam desenvolvidos não só valores, mas também o senso moral e a criticidade que servem de motores para uma agenda de igualdade social. Sabendo que em todo esse contexto, estamos falando sempre de sustentabilidade.

6

 A Educação para o Desenvolvimento Sustentável (ESD) - UNESCO-UNEVOC

7

O modo do homem interagir com o ambiente a sua volta teve uma grande transformação com o passar do tempo. Em função das consequências do consumo dos recursos naturais, uma relação outrora balanceada apresenta neste momento um grande desequilíbrio que acaba por impactar, de modo negativo, toda a sociedade em todos os seus aspectos, seja diretamente na vida das pessoas, nas relações sociais ou mesmo financeiras.

8

Diante dessa necessidade é imperioso que tenhamos um desenvolvimento sustentável baseado em um crescimento econômico que respeite a manutenção do meio ambiente sem nos esquecermos da igualdade social. E, assim como definido pela ONU, tenhamos um “Desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades” (UNCED, 1987). REF PPP e Greening TVET

9

Interessante perceber que de alguma forma temos a consciência da necessidade atual e da meta que deve ser atingida em um breve futuro. Contudo, temos a questão de como aprenderemos a viver juntos de forma sustentável, sem comprometermos as gerações futuras e o próprio planeta. É exatamente neste ponto que entra a Educação para o Desenvolvimento Sustentável (ESD), nos remete a inclusão de "questões-chave sobre o desenvolvimento sustentável no ensino e na aprendizagem". Fonte: https://pt.unesco.org/fieldoffice/brasilia/expertise/education-sustainable-development

10

A Declaração de Berlim sobre Educação para o Desenvolvimento Sustentável foi o documento adotado durante a Conferência Mundial sobre Educação para o Desenvolvimento Sustentável ocorrida no ano de 2021. Por este documento mais de 80 países se comprometeram com a promoção de uma educação que possa apoiar as dimensões do desenvolvimento sustentável com a integração da economia, sociedade e do meio ambiente. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e o conceito de ESD estão intimamente ligados ao objetivo 4 “Educação de qualidade”. Isso ocorre de forma tão intrincada que a própria declaração de Berlim (https://en.unesco.org/sites/default/files/esdfor2030-berlin-declaration-en.pdf) no seu item 4 diz que a ESD ancorada no ODS 4.7, e sendo facilitadora de todos os 17 ODS, será a base para essa transformação tão necessária, proporcionando conhecimento, habilidades, valores e atitudes para que tenhamos agentes de mudança para este tipo de desenvolvimento. Assim com os atores devidamente instrumentalizados passam a atuar efetivamente na mudança necessária de forma a incorporar a sustentabilidade em todas as suas ações.

11

No IFFluminense, como uma instituição de ensino que prepara para o mundo do trabalho, podemos contribuir de maneira significativa na formação desse trabalhador que se torna mais empregável à medida que desenvolve esse potencial para lidar com um mundo que precisa alcançar padrões de produção e consumo mais sustentáveis. Para isso devemos utilizar toda a estrutura que temos tanto interna, nos processos pedagógicos e de ensino, quanto externas, como instrumento de conscientização pública, para implementar o desenvolvimento sustentável. Isso não deve ser feito inserindo novas disciplinas nas grades curriculares dos cursos já existentes na instituição e sim como uma reorientação nas disciplinas e programas que já existem, provocando uma maior sensibilização para este tema junto à comunidade escolar.

12

A ESD deve ser um processo incorporado à instituição de forma contínua e evolutiva, se adaptando às necessidades e oportunidades do mundo do trabalho e sociedade.

13

A publicação Greening Technical and Vocational Education and Training - A practical guide for institutions da UNESCO-UNEVOC (2017) apresenta as seguintes abordagens para a sustentabilidade:

14

    - Campus Verde: Uma gestão integrada do campus (edifícios, paisagem, procedimentos de manutenção e serviços) de forma que os princípios da sustentabilidade sejam aplicados, assim como os recursos financeiros para este fim sejam utilizados. Mas também que os retornos financeiros dessa adoção sejam estabelecidos;

15

    - Currículos e Formações Verdes: Integração da sustentabilidade aos currículos e formações da instituição. A formação progressiva de docentes e formadores é necessária para que os mesmos sejam instrumentalizados com as competências necessárias para identificar os conteúdos relevantes para as disciplinas e áreas de atuação específicas. Lembrando que em todas as disciplinas existe a possibilidade de contribuir com noções básicas de sustentabilidade e sua importância para o mundo.

16

    - Sustentabilidade na Pesquisa: Promover a sustentabilidade nas filosofias de pesquisa, em seus conteúdos e padrões. Deve ser fomentada a ação conjunta entre educadores, alunos e comunidade estimulando a realização de pesquisas sobre assuntos que contribuam para a descoberta de soluções práticas para os problemas.

17

    - Locais de Trabalho e Comunidade Verde: Implementar programas de sustentabilidade em conjunto com empresas e comunidades da região de forma que os objetivos sejam compartilhados e perseguidos de maneira conjunta. Assim também, buscar um estilo sustentável nos locais de trabalho de maneira a se tornar uma norma, tácita ou não, das instituições, para isso é fundamental que os alunos sejam preparados com os fundamentos da sustentabilidade para que levem também essa perspectiva para os locais de trabalho e empresas.

18

    - Cultura da Sustentabilidade Institucional: Ter a sustentabilidade incorporada nas diversas áreas e aspectos da instituição, de forma a se tornar parte de suas estratégias e planos. Isso impacta nas expectativas de todos que se relacionam com ela e se reflete nos seus procedimentos de contratação, avaliação, promoções, recompensas e comemorações. Além disso, deve estar presente no comportamento de gestores, servidores, pessoal de apoio e alunos se tornando marca da instituição.

19

Enfim, é importante salientar mais uma vez que o programa de ação global sobre a ESD não foca somente na área de ensino, mas na verdade em toda a instituição de forma que a comunidade, e por consequência toda a sociedade, se aproprie de conhecimentos, habilidades e valores que contribuam não só para uma economia sustentável, mas principalmente para um estilo de vida sustentável.

20

Sustentabilidade no IFFluminense

21

A Agenda 2030 surgiu através de um processo global e participativo que levou mais de dois anos, iniciado em 2013 e coordenado pela ONU, no qual governos, sociedade civil, iniciativa privada e instituições de pesquisa contribuíram através da Plataforma “My World”. Esse documento consiste em um plano de ação para as pessoas, o planeta e a prosperidade, que busca fortalecer a paz universal. A implementação da Agenda 2030 teve início em janeiro de 2016 e esse documento consiste em uma declaração, um quadro de resultados (os 17 ODS e as suas 169 metas), uma seção sobre os meios de implementação e de parcerias globais e um roteiro para o acompanhamento e revisão.

22

EM ANEXO Figura 2 - Agenda 2030

23

A Agenda 2030 traz um conjunto de 17 objetivos de desenvolvimento sustentável, 169 metas e 231 indicadores.

24

 

25

EM ANEXO Figura 3 - Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)

26

Além disso, apresenta alguns elementos subjacentes aos ODS: Pessoas, Planeta, Parcerias, Paz e Prosperidade.

27

EM ANEXO Figura 4 - Os 5Ps do Desenvolvimento Sustentável

28

Esses elementos são colocados de forma integrada, interligada e indivisíveis, aglutinando diversos setores como o Setor Público, Privado/Empresarial e Sociedade Civil, tendo como premissa um futuro mais justo e sustentável. Esse documento apresenta valores fundamentais, a saber: a) a universalidade, pois o foco está em desafios globais que devem ser abordados por todos os países; b) a integração, pois entende a relevância das diferentes dimensões do desenvolvimento sustentável; c) "não deixar ninguém para trás", pois pretende dar visibilidade aos grupos mais desfavorecidos e em situação de vulnerabilidade. Para conhecer mais sobre a Agenda 2030 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) acesse https://odsbrasil.gov.br/.

29

A real necessidade das instituições educacionais públicas, nesse momento, é alinhar suas práticas junto às ações de sustentabilidade e em harmonia com as dimensões ambiental, social e econômica. A quantidade e diversidade de ações executadas no IFFluminense requer a construção de mecanismos de sistematização, monitoramento, compartilhamento e promoção, com o objetivo de reforçar a instauração de uma nova cultura institucional.

30

EM ANEXO Figura 5 - Dimensões ambiental, social e econômica

31

Nesse sentido, o IFFluminense, por meio do NUSIFF, apresenta um papel de grande relevância. Visto que busca a sensibilização e conscientização da comunidade acadêmica para a implementação de uma cultura de sustentabilidade e, consequentemente, por meio de uma Educação de Qualidade (ODS 4 - Agenda 2030) capacitar os atores envolvidos nesse processo. Tomando como base as diretrizes da Agenda 2030, da "Global Reporting Initiative" (GRI - que também apresenta um conjunto de diretrizes e indicadores para relatar o desempenho e desenvolver estratégias de gestão voltada para as questões socioambientais e econômicas) e da Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P).

32

EM ANEXO Figura 6 - Linha do tempo do IFF no caminho da sustentabilidade

33

Tendo os norteadores acima identificados, o Núcleo de Sustentabilidade içou-os como base para a formulação do relatório de diagnóstico de sustentabilidade, feito sob a metodologia GRI (Global Reporting Initiative), com o propósito de integrar, propor e implementar ações de sustentabilidade no âmbito do Instituto Federal Fluminense, buscando alcançar um modelo de Gestão Sustentável.

34

Seguem abaixo os 10 principais stakeholders identificados pelo mapeamento do relatório:

36

Os gráficos a seguir apresentam os dez principais tópicos materiais ambientais, sociais e econômicos identificados pela e para a instituição:

38

EM ANEXO Gráfico 3 - 10 Principais Tópicos Materiais Sociais

39

EM ANEXO Gráfico 4 - 10 Principais Tópicos Materiais Econômicos

40

Os 5 principais itens dos tópicos materiais das dimensões social, ambiental e econômica, selecionados pelos stakeholders consultados, associados aos objetivos institucionais de cada uma das dimensões estabeleceram as recomendações que se seguem:

41

Objetivos institucionais para a dimensão ambiental

42

- Sugerir a curricularização de disciplinas que tratem da temática relacionada ao Meio Ambiente e Sustentabilidade nos PPCs e que os Planos de Ensino dos componentes curriculares estejam alinhados a esta proposta;

43

- Destinar editais para a pesquisa, extensão e inovação que busquem a incorporação da dimensão ambiental;

44

Proporcionar as condições de infraestrutura para o desenvolvimento de pesquisa, extensão e inovação na área de Meio Ambiente e Sustentabilidade;

45

- Estabelecer políticas que ressaltem os princípios da sustentabilidade socioambiental na elaboração e execução de projetos de novas obras e empreendimentos;

46

Instituir programas de coleta seletiva e minimização de entradas e saídas de materiais, reduzindo, assim, o consumo e a produção de resíduos. Assim como finalizar corretamente o tratamento dispensado aos resíduos produzidos e coletados na Instituição, principalmente materiais não recicláveis ou perigosos;

47

Desenvolver ações que contribuam com a redução da utilização dos recursos naturais, reduzindo o impacto das atividades da Instituição sobre o ambiente, e, não obstante, fomentar essa prática na comunidade externa, contribuindo assim para o desenvolvimento local e regional e a sustentabilidade;

48

- Ampliar a quantidade de visitas técnicas aos servidores e alunos para que possam conhecer as diversas Unidades de Conservação e Preservação da Natureza que estão sob a área de abrangência do Instituto;

49

- Fomentar a participação institucional nos diversos Comitês de Bacia Hidrográfica que estão sob a área de abrangência do Instituto;

50

Incentivar as ações de pesquisa, extensão e inovação na área de biodiversidade;

51

Implantar o programa da Agenda Ambiental na Administração Pública – A3P.

52

Objetivos institucionais para a dimensão social

53

- Constituir políticas que visem à saúde física e mental dos discentes, como programas de educação sexual e afetiva;

54

Elaborar políticas que busquem a permanência e apoio à maternidade e paternidade dos servidores, prestadores de serviços e discentes;

55

Projetos e programas que visem o direito social à moradia, por meio de desapropriação de prédios urbanos;

56

Reservar editais de pesquisa, extensão e inovação para a área relacionada ao estudo do trabalho infantil, de trabalhadores jovens expostos a trabalho perigoso ou insalubre, de trabalho forçado ou análogo ao escravo;

57

Existência de equipamentos e estruturas de acessibilidade em todos os campi;

58

Áreas voltadas práticas desportivas para alunos, servidores e terceirizados em toda as unidades do Instituto;

59

- Disponibilização de áreas de convivência para todos os segmentos da comunidade acadêmica em todos os campi;

60

Uso de monitoramento por câmeras como instrumento para coibir iniciativas mal-intencionadas nos diversos ambientes, sobretudo no que se refere a segurança patrimonial;

61

- Que todos os campi tenham implantados e atuantes os seguintes núcleos/espaços: NUSIFF, NUGEDIS, NEABI e Centro de Memória.

62

Objetivos institucionais para a dimensão econômica

63

- Gestão integrada de frotas de forma a diminuir a pegada de carbono e em paralelo o consumo de combustível da instituição;

64

- Promover maior integração com o setor produtivo dando continuidade nas ações de convênios que auxiliam a instituição através de suas contrapartidas;

65

Continuidade da instalação das usinas fotovoltaicas e consequente produção de energia, diminuindo o consumo da rede nacional;

66

Estabelecer Política de Reuso de Água em todos os campi (captação de água de chuva), aumentando o uso de água de reuso e diminuindo a quantidade de água utilizada;

67

- Medição do consumo de água em todos os campi (mesmo os que não utilizam serviço de cessionárias) assim como sua qualidade, de forma periódica;

68

Revisitação dos contratos por consumo de energia elétrica para verificar a possibilidade de readequação dos valores conforme o consumo real de cada unidade.

Votação

1

Mentalidade Sustentável

2

O aquecimento global e as mudanças climáticas podem inviabilizar a vida humana na face da terra nos próximos decênios. Aliados à intensificação da concentração de renda e o aumento do empobrecimento dos países e de suas populações, criam condições de vidas cada vez mais díspares e contrastantes, fragilizando ainda mais a sobrevivência de muitas populações ao redor do mundo. Nesse sentido, a Agenda 2030 da ONU e os seus dezessete Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) tornam-se uma referência necessária para a ação articulada global dos países, buscando fortalecer um mundo cada vez mais multipolar, colaborativo, justo e generoso. Além disso, o Objetivo 4, “uma educação equitativa e de qualidade ao longo de toda a vida para todos”, passa a ser elemento basilar para construirmos uma convivência global mais harmoniosa e com menores distâncias, sendo que, em especial, a constituição de uma Educação Profissional e Tecnológica transformadora, deliberadamente expressas nas Metas 4.3, 4.4 e 4.5, tem, de acordo com a UNESCO/UNEVOC, o “potencial de aumentar a equidade, reduzir a pobreza e diminuir as desigualdades”.

3

A Transição Ecológica exige a formação de uma nova geração, com mentalidade, comportamento e atitudes mais sustentáveis, e determinação para consolidar uma economia e um modo de vida cada vez mais descarbonizado. A sustentabilidade deve permear todos os aspectos e atividades da vida das pessoas e das organizações sociais, a fim de criar uma cultura sustentável. Por isso, o Instituto Federal Fluminense faz constar a sustentabilidade em seu plano de desenvolvimento estratégico com vistas a orientar as ações de sua comunidade institucional, estudantes, educadores e parceiros. Nesse sentido, foi constituído o Núcleo de Sustentabilidade (NUSIFF), cuja meta principal é a de institucionalizar a sustentabilidade e irradiar todos seus princípios nas diversas atividades e ações administrativas e educacionais do Instituto. Além disso, podemos destacar a verticalização da oferta de cursos na área ambiental em todos os níveis no Instituto Federal Fluminense, desde a formação inicial até o doutorado profissional. Agregam-se as pesquisas e desenvolvimento de tecnologias sustentáveis e de energia limpa no Polo de Inovação Campos dos Goytacazes, assim como a inauguração do Campus Itaboraí, que tem a sustentabilidade e a energia como constituidores do eixo basilar de seu projeto político pedagógico.

4

EM ANEXO Figura 1 - Identidade visual do Núcleo de Sustentabilidade do IFFluminense

5

Como uma instituição de educação, ciência e tecnologia voltada para a formação e qualificação de cidadãos com vistas à atuação profissional nos diversos setores da economia, no desenvolvimento socioeconômico local, regional e nacional, podemos causar um grande impacto servindo não só como canal de multiplicação e sensibilização sobre a sustentabilidade, mas também formulando soluções para atender aos tantos problemas associados a essa temática. Tendo a educação como uma esteira facilitadora de aprendizagem, que proporciona novas habilidades e conhecimentos, para que sejam desenvolvidos não só valores, mas também o senso moral e a criticidade que servem de motores para uma agenda de igualdade social. Sabendo que em todo esse contexto, estamos falando sempre de sustentabilidade.

6

 A Educação para o Desenvolvimento Sustentável (ESD) - UNESCO-UNEVOC

7

O modo do homem interagir com o ambiente a sua volta teve uma grande transformação com o passar do tempo. Em função das consequências do consumo dos recursos naturais, uma relação outrora balanceada apresenta neste momento um grande desequilíbrio que acaba por impactar, de modo negativo, toda a sociedade em todos os seus aspectos, seja diretamente na vida das pessoas, nas relações sociais ou mesmo financeiras.

8

Diante dessa necessidade é imperioso que tenhamos um desenvolvimento sustentável baseado em um crescimento econômico que respeite a manutenção do meio ambiente sem nos esquecermos da igualdade social. E, assim como definido pela ONU, tenhamos um “Desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades” (UNCED, 1987). REF PPP e Greening TVET

9

Interessante perceber que de alguma forma temos a consciência da necessidade atual e da meta que deve ser atingida em um breve futuro. Contudo, temos a questão de como aprenderemos a viver juntos de forma sustentável, sem comprometermos as gerações futuras e o próprio planeta. É exatamente neste ponto que entra a Educação para o Desenvolvimento Sustentável (ESD), nos remete a inclusão de "questões-chave sobre o desenvolvimento sustentável no ensino e na aprendizagem". Fonte: https://pt.unesco.org/fieldoffice/brasilia/expertise/education-sustainable-development

10

A Declaração de Berlim sobre Educação para o Desenvolvimento Sustentável foi o documento adotado durante a Conferência Mundial sobre Educação para o Desenvolvimento Sustentável ocorrida no ano de 2021. Por este documento mais de 80 países se comprometeram com a promoção de uma educação que possa apoiar as dimensões do desenvolvimento sustentável com a integração da economia, sociedade e do meio ambiente. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e o conceito de ESD estão intimamente ligados ao objetivo 4 “Educação de qualidade”. Isso ocorre de forma tão intrincada que a própria declaração de Berlim (https://en.unesco.org/sites/default/files/esdfor2030-berlin-declaration-en.pdf) no seu item 4 diz que a ESD ancorada no ODS 4.7, e sendo facilitadora de todos os 17 ODS, será a base para essa transformação tão necessária, proporcionando conhecimento, habilidades, valores e atitudes para que tenhamos agentes de mudança para este tipo de desenvolvimento. Assim com os atores devidamente instrumentalizados passam a atuar efetivamente na mudança necessária de forma a incorporar a sustentabilidade em todas as suas ações.

11

No IFFluminense, como uma instituição de ensino que prepara para o mundo do trabalho, podemos contribuir de maneira significativa na formação desse trabalhador que se torna mais empregável à medida que desenvolve esse potencial para lidar com um mundo que precisa alcançar padrões de produção e consumo mais sustentáveis. Para isso devemos utilizar toda a estrutura que temos tanto interna, nos processos pedagógicos e de ensino, quanto externas, como instrumento de conscientização pública, para implementar o desenvolvimento sustentável. Isso não deve ser feito inserindo novas disciplinas nas grades curriculares dos cursos já existentes na instituição e sim como uma reorientação nas disciplinas e programas que já existem, provocando uma maior sensibilização para este tema junto à comunidade escolar.

12

A ESD deve ser um processo incorporado à instituição de forma contínua e evolutiva, se adaptando às necessidades e oportunidades do mundo do trabalho e sociedade.

13

A publicação Greening Technical and Vocational Education and Training - A practical guide for institutions da UNESCO-UNEVOC (2017) apresenta as seguintes abordagens para a sustentabilidade:

14

    - Campus Verde: Uma gestão integrada do campus (edifícios, paisagem, procedimentos de manutenção e serviços) de forma que os princípios da sustentabilidade sejam aplicados, assim como os recursos financeiros para este fim sejam utilizados. Mas também que os retornos financeiros dessa adoção sejam estabelecidos;

15

    - Currículos e Formações Verdes: Integração da sustentabilidade aos currículos e formações da instituição. A formação progressiva de docentes e formadores é necessária para que os mesmos sejam instrumentalizados com as competências necessárias para identificar os conteúdos relevantes para as disciplinas e áreas de atuação específicas. Lembrando que em todas as disciplinas existe a possibilidade de contribuir com noções básicas de sustentabilidade e sua importância para o mundo.

16

    - Sustentabilidade na Pesquisa: Promover a sustentabilidade nas filosofias de pesquisa, em seus conteúdos e padrões. Deve ser fomentada a ação conjunta entre educadores, alunos e comunidade estimulando a realização de pesquisas sobre assuntos que contribuam para a descoberta de soluções práticas para os problemas.

17

    - Locais de Trabalho e Comunidade Verde: Implementar programas de sustentabilidade em conjunto com empresas e comunidades da região de forma que os objetivos sejam compartilhados e perseguidos de maneira conjunta. Assim também, buscar um estilo sustentável nos locais de trabalho de maneira a se tornar uma norma, tácita ou não, das instituições, para isso é fundamental que os alunos sejam preparados com os fundamentos da sustentabilidade para que levem também essa perspectiva para os locais de trabalho e empresas.

18

    - Cultura da Sustentabilidade Institucional: Ter a sustentabilidade incorporada nas diversas áreas e aspectos da instituição, de forma a se tornar parte de suas estratégias e planos. Isso impacta nas expectativas de todos que se relacionam com ela e se reflete nos seus procedimentos de contratação, avaliação, promoções, recompensas e comemorações. Além disso, deve estar presente no comportamento de gestores, servidores, pessoal de apoio e alunos se tornando marca da instituição.

19

Enfim, é importante salientar mais uma vez que o programa de ação global sobre a ESD não foca somente na área de ensino, mas na verdade em toda a instituição de forma que a comunidade, e por consequência toda a sociedade, se aproprie de conhecimentos, habilidades e valores que contribuam não só para uma economia sustentável, mas principalmente para um estilo de vida sustentável.

20

Sustentabilidade no IFFluminense

21

A Agenda 2030 surgiu através de um processo global e participativo que levou mais de dois anos, iniciado em 2013 e coordenado pela ONU, no qual governos, sociedade civil, iniciativa privada e instituições de pesquisa contribuíram através da Plataforma “My World”. Esse documento consiste em um plano de ação para as pessoas, o planeta e a prosperidade, que busca fortalecer a paz universal. A implementação da Agenda 2030 teve início em janeiro de 2016 e esse documento consiste em uma declaração, um quadro de resultados (os 17 ODS e as suas 169 metas), uma seção sobre os meios de implementação e de parcerias globais e um roteiro para o acompanhamento e revisão.

22

EM ANEXO Figura 2 - Agenda 2030

23

A Agenda 2030 traz um conjunto de 17 objetivos de desenvolvimento sustentável, 169 metas e 231 indicadores.

24

 

25

EM ANEXO Figura 3 - Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)

26

Além disso, apresenta alguns elementos subjacentes aos ODS: Pessoas, Planeta, Parcerias, Paz e Prosperidade.

27

EM ANEXO Figura 4 - Os 5Ps do Desenvolvimento Sustentável

28

Esses elementos são colocados de forma integrada, interligada e indivisíveis, aglutinando diversos setores como o Setor Público, Privado/Empresarial e Sociedade Civil, tendo como premissa um futuro mais justo e sustentável. Esse documento apresenta valores fundamentais, a saber: a) a universalidade, pois o foco está em desafios globais que devem ser abordados por todos os países; b) a integração, pois entende a relevância das diferentes dimensões do desenvolvimento sustentável; c) "não deixar ninguém para trás", pois pretende dar visibilidade aos grupos mais desfavorecidos e em situação de vulnerabilidade. Para conhecer mais sobre a Agenda 2030 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) acesse https://odsbrasil.gov.br/.

29

A real necessidade das instituições educacionais públicas, nesse momento, é alinhar suas práticas junto às ações de sustentabilidade e em harmonia com as dimensões ambiental, social e econômica. A quantidade e diversidade de ações executadas no IFFluminense requer a construção de mecanismos de sistematização, monitoramento, compartilhamento e promoção, com o objetivo de reforçar a instauração de uma nova cultura institucional.

30

EM ANEXO Figura 5 - Dimensões ambiental, social e econômica

31

Nesse sentido, o IFFluminense, por meio do NUSIFF, apresenta um papel de grande relevância. Visto que busca a sensibilização e conscientização da comunidade acadêmica para a implementação de uma cultura de sustentabilidade e, consequentemente, por meio de uma Educação de Qualidade (ODS 4 - Agenda 2030) capacitar os atores envolvidos nesse processo. Tomando como base as diretrizes da Agenda 2030, da "Global Reporting Initiative" (GRI - que também apresenta um conjunto de diretrizes e indicadores para relatar o desempenho e desenvolver estratégias de gestão voltada para as questões socioambientais e econômicas) e da Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P).

32

EM ANEXO Figura 6 - Linha do tempo do IFF no caminho da sustentabilidade

33

Tendo os norteadores acima identificados, o Núcleo de Sustentabilidade içou-os como base para a formulação do relatório de diagnóstico de sustentabilidade, feito sob a metodologia GRI (Global Reporting Initiative), com o propósito de integrar, propor e implementar ações de sustentabilidade no âmbito do Instituto Federal Fluminense, buscando alcançar um modelo de Gestão Sustentável.

34

Seguem abaixo os 10 principais stakeholders identificados pelo mapeamento do relatório:

36

Os gráficos a seguir apresentam os dez principais tópicos materiais ambientais, sociais e econômicos identificados pela e para a instituição:

38

EM ANEXO Gráfico 3 - 10 Principais Tópicos Materiais Sociais

39

EM ANEXO Gráfico 4 - 10 Principais Tópicos Materiais Econômicos

40

Os 5 principais itens dos tópicos materiais das dimensões social, ambiental e econômica, selecionados pelos stakeholders consultados, associados aos objetivos institucionais de cada uma das dimensões estabeleceram as recomendações que se seguem:

41

Objetivos institucionais para a dimensão ambiental

42

- Sugerir a curricularização de disciplinas que tratem da temática relacionada ao Meio Ambiente e Sustentabilidade nos PPCs e que os Planos de Ensino dos componentes curriculares estejam alinhados a esta proposta;

43

- Destinar editais para a pesquisa, extensão e inovação que busquem a incorporação da dimensão ambiental;

44

Proporcionar as condições de infraestrutura para o desenvolvimento de pesquisa, extensão e inovação na área de Meio Ambiente e Sustentabilidade;

45

- Estabelecer políticas que ressaltem os princípios da sustentabilidade socioambiental na elaboração e execução de projetos de novas obras e empreendimentos;

46

Instituir programas de coleta seletiva e minimização de entradas e saídas de materiais, reduzindo, assim, o consumo e a produção de resíduos. Assim como finalizar corretamente o tratamento dispensado aos resíduos produzidos e coletados na Instituição, principalmente materiais não recicláveis ou perigosos;

47

Desenvolver ações que contribuam com a redução da utilização dos recursos naturais, reduzindo o impacto das atividades da Instituição sobre o ambiente, e, não obstante, fomentar essa prática na comunidade externa, contribuindo assim para o desenvolvimento local e regional e a sustentabilidade;

48

- Ampliar a quantidade de visitas técnicas aos servidores e alunos para que possam conhecer as diversas Unidades de Conservação e Preservação da Natureza que estão sob a área de abrangência do Instituto;

49

- Fomentar a participação institucional nos diversos Comitês de Bacia Hidrográfica que estão sob a área de abrangência do Instituto;

50

Incentivar as ações de pesquisa, extensão e inovação na área de biodiversidade;

51

Implantar o programa da Agenda Ambiental na Administração Pública – A3P.

52

Objetivos institucionais para a dimensão social

53

- Constituir políticas que visem à saúde física e mental dos discentes, como programas de educação sexual e afetiva;

54

Elaborar políticas que busquem a permanência e apoio à maternidade e paternidade dos servidores, prestadores de serviços e discentes;

55

Projetos e programas que visem o direito social à moradia, por meio de desapropriação de prédios urbanos;

56

Reservar editais de pesquisa, extensão e inovação para a área relacionada ao estudo do trabalho infantil, de trabalhadores jovens expostos a trabalho perigoso ou insalubre, de trabalho forçado ou análogo ao escravo;

57

Existência de equipamentos e estruturas de acessibilidade em todos os campi;

58

Áreas voltadas práticas desportivas para alunos, servidores e terceirizados em toda as unidades do Instituto;

59

- Disponibilização de áreas de convivência para todos os segmentos da comunidade acadêmica em todos os campi;

60

Uso de monitoramento por câmeras como instrumento para coibir iniciativas mal-intencionadas nos diversos ambientes, sobretudo no que se refere a segurança patrimonial;

61

- Que todos os campi tenham implantados e atuantes os seguintes núcleos/espaços: NUSIFF, NUGEDIS, NEABI e Centro de Memória.

62

Objetivos institucionais para a dimensão econômica

63

- Gestão integrada de frotas de forma a diminuir a pegada de carbono e em paralelo o consumo de combustível da instituição;

64

- Promover maior integração com o setor produtivo dando continuidade nas ações de convênios que auxiliam a instituição através de suas contrapartidas;

65

Continuidade da instalação das usinas fotovoltaicas e consequente produção de energia, diminuindo o consumo da rede nacional;

66

Estabelecer Política de Reuso de Água em todos os campi (captação de água de chuva), aumentando o uso de água de reuso e diminuindo a quantidade de água utilizada;

67

- Medição do consumo de água em todos os campi (mesmo os que não utilizam serviço de cessionárias) assim como sua qualidade, de forma periódica;

68

Revisitação dos contratos por consumo de energia elétrica para verificar a possibilidade de readequação dos valores conforme o consumo real de cada unidade.